[ Resenha ] Cidade dos etéreos – Livro II – Série o Orfanato da Srta. Peregrine Para Crianças Peculiares

Primeiramente, devo desculpas a Ransom Riggs pelas palavras proferidas sobre seu livro “O lar das crianças peculiares da Senhorita Peregrine”. Não que eu tenha mudado de opinião, ainda creio o primeiro livro monótono e ainda digo que ele avança a passos curtíssimos, e ainda tem um personagem principal bunda-mole. Na verdade, minha opinião sobre o primeiro livro em si não mudou em nada: mas meu amigo, minha opinião sobre o método de escrita de Ramsom Riggs mudou, e reside agora em outro patamar.

Temos agora, novamente nos mesmos moldes literários do primeiro livro da série, a obra “A cidade dos etéreos”, continuação direta do ponto de término da obra anterior. E este é o ponto inicial que me levou a repensar minhas concepções sobre as habilidades de Riggs, pois a ação e aventura que tanto demoram em florecer nas páginas de sua primeira obra, chegam escancarando já no primeiro capítulo aqui, e prosseguem nessa frequência até o final da obra.

 

Como deixado claro no final do primeiro livro, agora ao invés de personagens estacionários esperando algo acontecer, temos personagens buscando um objetivo, algo que torna mais fácil a constante presença de dificuldades e barreiras, que por consequência logra em nos presentear com a ação e a aventura tão anteriormente desejadas.

Temos agora também outras facilidades de um segundo livro de uma sequência: como já temos definidas as mecânicas do universo e as histórias dos personagens principais, a história pode correr mais solta das necessidades de descrições e explicações de pré história (acontecimentos de antes da presença do personagem principal, que é também o narrador), e isto acaba por ser bem aprazível, visto que a história foca mais nas ações dos personagens e no desenvolvimento pessoal de cada um, bem como no desenvolvimento das relações entre eles. Com isso não espero porém me fazer entender que não há personagens novos na obra, o que seria uma grande engano. Não há somente personagens novos, mas também novas características da mecânica do universo, que chegam por exemplo ao ponto de explorar a possibilidade de animais peculiares e sua interação com a sociedade humana.

Quanto as características retidas da primeira obra, podemos começar por citar a perseguição: ainda há alguém atrás do grupo, e isso parece que será algo mantido até o final da coleção, de modo a propiciar um constante desconforto e a necessidade de movimentação e atenção do grupo. Vale ser citado também o constante dilema de Jacob, que apesar de todo o ocorrido na primeira obra e no decorrer da segunda, parece incerto sobre sua decisão de em “quando” ficar.

No geral, Riggs logra sucesso em nos apresentar uma história no melhor estilo “bomba relógio” (se “[ação]” não for executada em “[tempo]”, os malvados ganham), com bons plot twists (consideravelmente inesperados), ótimos desenvolvimentos de personagens e mecânicas, e uma escrita que, AGORA SIM, se desenvolve num passo muito bom para uma história de aventura. *(eu sei que o livro é classificado como terror, mas quem já leu pelo menos a primeira obra sabe que isso não é verdade)

Gordo

Gordo

Um barbárico bardo barbado que cursa engenharia elétrica, este raro pokemon adora jogos de palavras. Não obstante em acúmulo de conhecimento disperso e aleatório, possui pragmática paixão platônica por jogos casuais, de estratégia e RPG. Se contenta com calços contidos diários de literatura asiática de entretenimento, embora também aprecie literatura ocidental, de preferência fantástica.
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